Será que você se tornou a mulher invisível?
- Viviane Lopes

- 24 de jun.
- 3 min de leitura
“Ela cuida de tudo, mas ninguém cuida dela.” “Não é que ela não fale, é que ninguém escuta.”
Ela acorda antes de todo mundo. Faz café, arruma mochila, dá conta de prazo, de roupa, de filho doente, de marido ausente. E ninguém percebe que ela está exausta.
Essa mulher é vista como forte. Mas por dentro, está invisível. Invisível para o parceiro, para a família, para os amigos — e, aos poucos, para si mesma. Ela faz tanto pelos outros que esquece até do próprio nome.
No consultório, acompanho mulheres como essa. Uma delas chegou dizendo: “Eu sinto que não existo mais.” Era casada com um homem frio, crítico, que não compartilhava responsabilidades da casa, dos filhos ou das decisões do dia a dia. Quando ela se emocionava, ele a chamava de exagerada. Quando pedia ajuda, ele desaparecia emocionalmente. E, ainda assim, ela sentia culpa por pensar em ir embora. - ficava em casa, mas mergulhado em um silêncio profundo com a fisionomia fechada. Era como se ele a abandonasse sem sair de casa.
Essa é a marca da privação emocional — uma das feridas mais silenciosas e profundas. É quando você cresce sem receber afeto, escuta, direção ou presença real. E então passa a acreditar que sentir e precisar de cuidado é errado. Resultado: você se torna alguém que suprime necessidades, engole a dor e serve aos outros esperando que, um dia, alguém perceba seu esforço e lhe dê o amor que você tanto deseja.
Associada a isso, vêm o autossacrifício e a subjugação: padrões que fazem você colocar todo mundo em primeiro lugar, ignorando seus próprios limites e desejos para evitar conflitos, rejeição ou abandono.
Mas o preço é alto: ansiedade crônica, estafa emocional, sintomas físicos e uma sensação constante de estar sozinha — mesmo acompanhada. Se você se reconhece nisso, talvez esteja na hora de se perguntar: enquanto você cuida de todos, quem está cuidando de você? E mais... será que você permite que cuidem de você?
Começar a romper com esses padrões exige coragem e apoio. É possível aprender a dizer “não”, a pedir ajuda mesmo com culpa, se priorizar. Como psicóloga sistêmica, é exatamente esse o processo que construímos juntas: o caminho de volta para si mesma.
Hora de olhar no espelho
Vamos? Responda com sinceridade. Sem certo ou errado. Apenas escuta teu coração e responde, sim ou não.
Você já sentiu que, por mais que se esforce, ninguém realmente percebe o que você está sentindo?
□ Sim □ Não
Você costuma se anular para manter vínculos, com receio de que, se for você mesma, o outro vá embora?
□ Sim □ Não
Sente que precisa ser “forte demais” o tempo todo para não incomodar ou ser abandonada?
□ Sim □ Não
Você já ficou em relações onde aceitava migalhas de atenção, só para não se sentir sozinha?
□ Sim □ Não
Você pensa no que é melhor para os outros e tem muita dificuldade de dizer “não” com medo de parecer má ou egoísta?
□ Sim □ Não
Se você respondeu sim para a maior parte dessas perguntas, talvez, seja o momento de olhar com mais carinho para o medo de se sentir abandonada.
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Viviane Lopes
Psicóloga Clínica e Neurocientista
CRP 06/127364





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